Cônego Bruno Cesar Dias Graciano Cura da Catedral de Santo Antônio
Falar do Beato Padre Victor é como abrir um livro da minha infância e recordar as viagens com minha avó até Três Pontas, para rezar diante do “Santo Padre Victor”. Sim, “santo”, como o povo simples o chama com o carinho de quem reconhece nele a presença viva de Deus, sabendo que mais cedo ou mais tarde a Igreja toda assim o chamará.
Homem de Deus, caridoso e sempre atento aos pobres, às crianças, Padre Victor sofreu muito no exercício do seu ministério, desde quando anunciou que queria ser sacerdote, até o último instante de sua vida, mas sem se deixar abater. Não se resignou diante do preconceito que o diminuía aos olhos de alguns, mas antes, transformou a dor em oferta, a injustiça em caminho de santidade.
Ele compreendeu, com profundidade, que a única maneira de ser verdadeiramente feliz é buscando a santidade. Não como fuga, mas como entrega radical a Jesus, como caminho de vida plena. A sua vida foi uma resposta ao chamado que Deus faz a todos nós a nos configurarmos a Cristo, que é o modelo perfeito para nós.
Padre Victor viveu para servir, amou sem medida, e, nesse amor, encontrou a verdadeira felicidade. Sua santidade não foi de momentos extraordinários, mas de gestos simples, diários, que transformaram a vida de tantos que com ele tiveram a graça de se encontrar.
Aliás, que graça temos, como diocesanos da Campanha: vivemos nesta terra fértil em santos, resplandecente de sinais luminosos que nos inspiram. Ao lado do Beato Padre Victor, brilham a Beata Nhá Chica, com sua fé firme e simplicidade
desconcertante, a Venerável Madre Teresa Margarida, exemplo de vida consagrada, bem como o Servo de Deus Dom Othon Motta, pastor zeloso e modelo de servidor na condução interna da Igreja. Eles nos ensinam que a santidade não é privilégio de poucos, mas a vocação de todos, acessível a quem se deixa guiar pela graça de Deus. Cada um deles, com suas vidas e virtudes, nos mostra que a santidade é possível aqui e agora, na simplicidade do cotidiano e na grandeza da fé.
Inspirados por tão grandes exemplos, fortaleçamos o desejo de viver em santidade, seguindo o caminho, que é Jesus, com firmeza e alegria, conscientes de que a santidade não é uma meta distante, mas um convite constante de Deus a cada um de nós. Ser santo é transformar o mundo ao nosso redor, com gestos de amor, de compaixão e de justiça, e assim experimentar a verdadeira felicidade, aquela que só Deus pode dar.