Beato Padre Victor

rogai por nós!

Anjo Tutelar de Três Pontas, MG

Artigo do Excelentíssimo e Reverendíssimo Dom Pedro Cunha Cruz

Alegrai-vos, Jesus ressuscitou!

A liturgia da Santa Páscoa nos conduz à centralidade da Fé cristã. Toda a história da salvação converge para esse clímax. Ao alvorecer do dia depois do sábado, as mulheres foram ao sepulcro e ouviram do anjo: “Não tenhais medo!” Jesus foi encontrá-las e disse: “Alegrai-vos!”. O Ressuscitado acrescentou: “Não tenhais medo. Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia”. E a notícia espalhou-se: Jesus ressuscitou, como havia predito! Na Galileia, eles haverão de ver o Ressuscitado.

Na Galileia foi onde tudo havia começado. Voltar significa reler tudo à luz da Cruz e da Vitória, sem medo. Nós também devemos olhar nossa vida a partir do começo, do nosso primeiro amor, do nosso chamado à vida e à fé cristã, que celebramos no batismo, recordado nesta festa na qual nascemos para uma nova vida, pois nele está a raiz da nossa fé.

Cristo não está aqui. Ressuscitou! Cristo não pode viver só na nossa memória. Ele vive para sempre. Por isso é que a celebração pascal não é comemoração, e sim, “memorial”, isto é, um evento que renasce no hoje, diante dos nossos olhos. Ele ressuscitou e estará sempre conosco. Esta é a razão pela qual a assembleia litúrgica canta neste tempo: “este é o dia que o Senhor fez para nós” (Sl 117). A Páscoa é, portanto, a alegria e a esperança de todos nós que somos chamados a ressuscitar com Cristo e recordar o nosso batismo. Eis a maior prova do amor de Deus por nós.

Como portadores do Kerigma, somos convidados a nos unir a Pedro e às mulheres da Bíblia e anunciar ao mundo que Cristo ressuscitou. A ressurreição de Cristo constitui o centro de nossa fé. A Igreja se alimenta deste Mistério. Nossa vida renasceu para ser vivida em Jesus Cristo, com e por Ele. Somente nesta volta às fontes, poderemos fazer a feliz experiência de uma vida nova em Cristo Jesus, para dele nos tornarmos discípulos e missionários, correndo como as mulheres para anunciar uma verdade que vem de Deus (ressuscitou!).

O mesmo Jesus que abraçou e passou pela humilhação da cruz é o mesmo que apareceu às mulheres e aos seus discípulos. A morte de Jesus na cruz por nós, ato de pura doação e amor, é sinal de esperança e vida nova, um novo início. Isto é fazer a autêntica experiência com o ressuscitado; morrer com Cristo para participar de sua vida: “pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl 3, 3). Uma verdadeira passagem (Páscoa). A ressurreição de Jesus é princípio e plenitude de vida. A sua morte é vida e ressurreição para nós. “Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” (Cl 3, 4).

A fé na ressurreição imprime um novo dinamismo em nossa caminhada terrena. Experimentamos que Jesus está vivo, como foi a experiência dos discípulos de Emaús. A celebração da Páscoa do Senhor é a oportunidade de nos deixarmos invadir pelo amor misericordioso de Deus e seguir a Jesus com entusiasmo, sem perder a esperança, mesmo neste momento difícil que estamos atravessando. Coloquemo-nos felizes a caminho, pois é a Páscoa do Senhor. Celebremos a festa com o pão sem fermento, o pão da retidão e da verdade. Feliz e santa Páscoa a todos.

D. Pedro Cunha Cruz
Bispo Diocesano da Campanha

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