Beato Padre Victor

rogai por nós!

Anjo Tutelar de Três Pontas, MG

Natal: o Filho de Deus veio até nós

Iniciamos o Ano Litúrgico da Igreja com o tempo do Advento; esse é um tempo de alegria, pois ele nos abre a porta para o Natal do Senhor e nos lança na esperança do mundo que há de vir. Longe de ser uma repetição de algo que já festejamos, o Mistério de Cristo celebrado torna o passado presente e continua a agir na história, encaminhando-nos para seu futuro. Por isso, o Advento é um tempo muito significativo e nos enche de uma esperança que rege toda nossa vida. O Advento serve para mostrar ao mundo que os cristãos sabem dar conteúdo à esperança que os anima, na expectativa do retorno do Senhor. “Revestido da nossa fragilidade, Ele veio na primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez, para conceder-nos em plenitude os bens prometidos e que hoje vigilantes esperamos” (Prefácio do Advento I). Assim como o povo de Israel preparou a primeira vinda do Messias, também nós, neste tempo liturgicamente forte do Advento, preparamos a segunda vinda.

A novena de Natal que fazemos em nossas casas (Igreja doméstica), neste tempo do Advento, além de nos preparar espiritualmente para celebrarmos o grande Mistério da Encarnação do Verbo de Deus, nos convida a refletir sobre o tema: “Reunidos na esperança, preparemos a vinda do Senhor”, pois a igreja tem a missão no mundo de anunciar a beleza desta luz, que ilumina cada um de nós pelo seu amor. A Igreja é esta casa que acolhe a todos com a Palavra e o Pão, sobretudo os mais vulneráveis e excluídos. O Verbo se fez carne para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus: “nisto manifestou-se o amor de Deus por nós; Deus enviou seu Filho ao mundo para que vivamos por Ele” (1 Jo 4,9). O Verbo se fez carne para ser nosso modelo de santidade e reconciliar-nos com Deus. Desse modo, somos chamados a participar de sua natureza divina. Na Encarnação, o Filho de Deus assume a nossa natureza humana, para nela realizar a nossa salvação. Deus veio morar entre nós. Jesus é o verdadeiro Deus em nosso meio (Deus-conosco).

Na iminência de tão grande celebração, rogo ao Deus da misericórdia e Príncipe da Paz, que nos empenhemos por um mundo novo, em que reine a paz, a justiça, a tolerância e o mais autêntico amor. Vivemos mais um ano difícil devido aos desafios impostos pela pandemia e de uma guerra inconcebível e absurda; mas não podemos perder a esperança, que é sempre iluminada e guiada pela fé de cada cristão. Precisamos sair mais fortes e lutar por uma humanidade renovada pela fraternidade e amizade social, em que cuidamos um do outro com um amor que promove e integra. Sejamos uma presença testemunhal do Verbo Encarnado hoje e sempre. O Verbo se fez carne e veio morar conosco, dotando nossa vida de sentido, iluminando nossas incertezas e conduzindo-nos em seu caminho.

Ninguém como Maria conheceu a profundidade desse Mistério de Deus feito homem. Peçamos a sua proteção nesta tarefa desafiadora. Que a Virgem da ternura e do autêntico amor nos ajude a encontrar Deus nas feições de uma criança e manifestar a sua glória aos que ainda jazem nas trevas. Diante de tanto desafio vivido nesta fase sem precedente da nossa história, nada deve ofuscar o sentido desta festa. Celebrar o Natal é experimentar e reviver o caminho que une Deus e o homem.

 

Feliz e Santo Natal!

Com frutuosas bênçãos

Dom Pedro Cunha Cruz

Bispo diocesano da Campanha-MG

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