Iniciamos o Ano Litúrgico da Igreja com o tempo do Advento; esse é um tempo de alegria, pois ele nos abre a porta para o Natal do Senhor e nos lança na esperança do mundo que há de vir. Longe de ser uma repetição de algo que já festejamos, o Mistério de Cristo celebrado torna o passado presente e continua a agir na história, encaminhando toda a humanidade para seu futuro. Por isso, o Advento é um tempo muito significativo e nos enche de uma esperança que rege toda nossa vida. O Advento serve para mostrar ao mundo que os cristãos sabem dar conteúdo à esperança que os anima, na expectativa do retorno do Senhor. “Revestido da nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos e que hoje vigilantes esperamos” (Prefácio do Advento I). Assim como o povo de Israel preparou a primeira vinda do Messias, também nós, através deste tempo liturgicamente forte do Advento, preparamos a segunda vinda.
A novena de Natal que fazemos na igreja e nas casas neste tempo do Advento, além de nos preparar espiritualmente para celebrarmos o grande Mistério da Encarnação do Verbo de Deus, nos recorda que a igreja tem a missão no mundo de anunciar a beleza desta luz que ilumina cada um de nós pelo seu amor, pois o Verbo se fez carne para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus: “nisto manifestou-se o amor de Deus por nós; Deus enviou seu Filho ao mundo para que vivamos por Ele” (1 Jo 4,9). O Verbo se fez carne para ser nosso modelo de santidade e reconciliar-nos com Deus. Desse modo, somos chamados a participar de sua natureza divina. Na Encarnação, o Filho de Deus assume a nossa natureza humana para nela realizar a nossa salvação. Deus veio morar entre nós. Jesus é o verdadeiro Deus em nosso meio (Deus-conosco).
Na iminência de tão grande celebração, rogo ao Deus da misericórdia e Príncipe da Paz, que se fez homem por nós, que todos os leigos e leigas de nossa igreja diocesana se empenhem no anúncio desse Mistério. Que todos se sintam verdadeiros sujeitos e protagonistas de uma Igreja que “sai” a serviço do Reino de Deus, sendo sal e luz para todos. Sejamos uma presença forte e testemunhal do Verbo encarnado hoje e sempre. O Verbo se fez carne e veio morar conosco para encher de sentido nossa vida, iluminar nossas trevas e conduzir-nos em seu caminho. Rezemos pela paz no mundo, sobretudo nos países que estão em guerra.
Ninguém como Maria conheceu a profundidade desse Mistério de Deus feito homem. Peçamos a proteção de Maria nesta tarefa desafiadora. Que a Virgem da ternura e do autêntico amor nos ajude a encontrar Deus nas feições de uma criança e manifestar a sua glória aos que ainda jazem nas trevas.
Celebrar o Natal é experimentar e reviver o caminho que une Deus e o homem. “É acolher na terra as surpresas de Deus. É a revanche da humildade sobre a arrogância, da simplicidade sobre a abundância, do silêncio sobre a algazarra, da oração sobre o meu tempo, de Deus sobre o meu ego. Significa fazer como Jesus, que veio para nós, necessitados, e descer ao encontro de quantos precisam de nós” (Papa Francisco. Audiência Geral, 19/12/2018). Na fragilidade da criança, Deus vem a nós para que possamos subir a Ele, pois quer nos tornar divinos. Jesus é verdadeiramente o Deus que
assume a nossa condição humana. Acolhamo-Lo no Natal que celebraremos, contemplando-O pequeno na gruta de Belém. Vem Senhor nos salvar! Vem, sem demora, nos dar a Paz!
Feliz e Santo Natal!
Com frutuosas bênçãos,
Dom Pedro Cunha Cruz Bispo Diocesano da Campanha-MG