Junho – Mês do Sagrado Coração de Jesus
Mês em que o Bem-Aventurado Francisco de Paula Victor foi ordenado sacerdote. Homem de Deus para o povo.
A Associação Padre Victor agradece a Nancy Tiso de Araújo que, com disponibilidade e carinho, solicitou à jovem Lívia Furgala autorização para transcrever a história onde presta uma homenagem ao seu avô Basilius Furgala – Valdomiro -, demonstrando sua fé. Leia o texto onde Lívia fala sobre o acontecimento para que a fé e a esperança se fortifiquem, cada vez mais, em nossos corações.
A guerra é uma laranja podre que, ao ser espremida, resulta em um suco sempre amargo. Não há gomo fresco que resista à podridão já que o sentimento perdura na vida de quem foge, de quem fica e de quem luta. Na jarra corre um suco como rio que, ao descer pela goela, divide alguns caminhos e une outros. As migrações acontecem em massa e, com elas, vêm o medo, a tristeza; mas há também esperança e beleza, há amor.
A família Furgala sai da Polônia e chega ao Brasil na época pós ‘O Pianista’ da Europa, em 1949, tentando encontrar aqui refúgio para a dolorosa guerra mundial. Os pais eram agricultores; o navio, de batatas (e de gente). O momento, aterrorizante o suficiente, os obrigou a encarar um lugar onde não sabiam falar ao menos ‘garfo’. Por outro ângulo, a possibilidade de vida, de recomeço e de comida faz qualquer sobrevivente deixar o talher para outro dia e, por hoje, aprender a comer com as mãos. Essa é a parte da esperança.
A beleza vem quando você se reencontra com sua fé e percebe que esteja, onde estiver, é ela o que o guia. Uma cidade do interior de Minas Gerais, Três Pontas, terra do Padre Victor, acolheu aquele menino loiro – Basilius – de olhos cor do céu e coração marcado pela simplicidade e luta que a guerra lhe deu. O adolescente cresceu e com o tempo cresceu também a sua devoção. E ele entendeu que foi Deus quem colocou aquela trespontana prendada, de sorriso fácil e coração dócil, em seu caminho. Nasce a parte do amor e com ele o sonho de muitos filhos, um time de futebol, para retribuir à vida o que, dela, ele recebeu. O gomo fresco dele era sim marcado, mas era tão leve quanto era possível porque, acima de tudo, ele era grato.
Já com um integrante do time, o filho Luiz Fernando Furgala e com outro por vir, ele migrou e, dessa vez, para um lugar ainda mais desconhecido. A guerra foi mais rápida e menos dura, mas não para quem ficou: esposa Djanira Tiso e dois filhos. O caminhão tombado na rodovia Fernão Dias foi socorrido por um segundo homem que não sabia nada sobre a vida ou a fé daquele que se foi. Quando o socorro chegou e perguntou se havia mais alguém na cena, ainda em choque com a colisão, o homem respondeu: “aonde foi o senhor que estava aqui neste segundo? “Não vimos ninguém”. “Como não? Usava uma roupa diferente, uma capa preta. Um pouco gordo, pele negra, uma cruz na cintura e, do acidentado, ele segurava a mão”.
Livia, ontem o Bem-aventurado Francisco de Paula Victor intercedeu por seu avô e, hoje, ele intercede por você. Deus lhe pague por esta mensagem.